Este blog é dedicado ao campo da saúde, ao qual estou ligada através do meu curso de Tecnologia dos Equipamentos de Saúde. Nele podem encontrar variadíssimos temas da actualidade, como novos equipamentos, tecnologias e terapias aplicadas à saúde, eventos, notícias e patologias.


Thursday, February 11, 2010

Regurgitação da Válvula Mitral Isquémica (IMVR) - o novo desafio para a ressonância magnética

Este tema foi abordado durante a minha licenciatura, nas aulas de Sistemas de Imagiologia. Na altura fizemos um trabalho baseado num artigo científico, que adaptei para fazer esta publicação.


Regurgitação mitral é o escoamento anormal do sangue pela válvula mitral, do ventrículo esquerdo para a aurícula esquerda do coração.

Regurgitação mitral primária é devida a um processo patológico que afecta o próprio aparelho da válvula mitral (MV). As suas causas incluem degeneração mixomatosa da válvula mitral, doença isquémica do coração / doença da artéria coronária, endocardite infectiva, doenças colágenas vasculares, doença reumática do coração, trauma e certos medicamentos.

Doença isquémica do coração causa regurgitação mitral pela combinação de deficiência orgânica isquémica dos músculos papilários e a dilatação do ventrículo esquerdo que está presente na doença isquémica do coração, com o deslocamento subsequente dos músculos papilários e a dilatação do anel da válvula mitral. As insuficiências na válvula mitral ocorrem em 15% dos pacientes após enfarte do miocárdio e estão associadas com excessiva morbidez e mortalidade cardíaca.

O princípio da gestão clínica, intervenção cirúrgica e a escolha do procedimento cirúrgico através da avaliação pré e pós operativa de IMVR são ainda controvérsias.

O tratamento da válvula mitral pode passar pela sua reparação ou substituição. A abordagem padrão a IMVR inclui uma anuloplastia da MV, embora IMVR recorrente tenha sido registado em mais de 20% dos pacientes que recorreram a este procedimento.

Na avaliação de IMVR, a ecocardiografia é considerada padrão de referência, mas novas tecnologias podem ser vistas como aplicáveis à investigação desta complexa patologia.

A MRI pode permitir a detecção de parâmetros que poderão ajudar os clínicos e cirurgiões em caso de IMVR e eventualmente guiar para o tratamento apropriado quando necessário.

As sequências típicas de MRI utilizadas neste estudo incluem aquisições basais e aquisições após administração de contraste paramagnético.

Quanto à morfologia do ventrículo esquerdo e válvula mitral, estudos cardíacos de MRI mostraram uma forte relação entre LVESV (volume sistólico final do ventrículo esquerdo), variáveis geométricas ventriculares, e IMVR funcional, tendo estas variáveis um papel importante no desenvolvimento de IMVR. Outro parâmetro obtido com MRI é a distância entre os pontos principais dos folhetos anterior e posterior, que se apresenta significativamente maior em pacientes com IMVR.

Em relação ao funcionamento do ventrículo esquerdo e da válvula mitral, a LVEF (fracção de ejecção do ventrículo esquerdo) pode ser facilmente calculada pelos valores de LVESV e LVED (diâmetro final do ventrículo esquerdo) obtidos com MRI.Já o acesso volumétrico de MVR com MRI cardíaca demonstrou ser preciso, reprodutível e fácil de relacionar com ecocardiografia qualitativa. Também o volume regurgitante mitral pode ser calculado com MRI, recorrendo à diferença entre o volume do acesso do ventrículo esquerdo e o seguinte volume de fluxo na aorta (obtidos em MRI).

Estas considerações resultam de uma abordagem multidisciplinar à IMVR usando radiologia, cardiologia e cirurgia cardíaca na definição dos parâmetros cruciais para guiar uma compreensão adequada da complexidade da patologia IMVR, permitindo o planeamento terapêutico adequado.

Apesar da MRI oferecer vantagens intrínsecas em relação a outras ferramentas de diagnóstico usadas no estudo da função MV, existe uma falta de planificação padronizada para recolha e análise de dados que poderiam eventualmente comandar o processo de toma de decisões para cirurgiões e cardiologistas e levar a uma futura compreensão para um diagnóstico mais preciso, planificação operativa, e seguir a IMVR. Além disso as descobertas apresentadas usando MRI ainda se encontram em fase de estudo, não podendo ser aplicadas como regra geral.

Desta forma a investigação da IMVR deve prosseguir para fornecer aos pacientes a melhor assistência médica possível de acordo com esta patologia.

Artigo original (read the original full article in english):

http://ejcts.ctsnetjournals.org/cgi/reprint/32/3/475


Sobre este assunto mostro-vos ainda este interessante site da Evalve, e recomendo que vejam o video do sistema Mitraclip:

http://www.evalveinc.com/pages/prod_overview.html

1 comment:

  1. Pois é verdade Cara Mariana, de facto o mercado português não se encontra de todo preparado para receber este curso.
    Julgo que o curso também não foi projecto para a área de I&D. Talvez o de Engenharia Biomédica seja a melhor opção para essa área.
    No entanto resta-nos acreditar e desejar o maior sucesso profissional para todos os recém-licenciados em TES.
    Cumprimentos

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